segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Cara a Cara - Entrevista - O Interior


«Queremos que o Museu dos Sons tenha impacto mundial»
O Interior - 22 FEV 2007. Por Ricardo Cordeiro. http://www.ointerior.pt

P – Quais os principais projectos que a nova direcção da Banda da Covilhã pretende implementar?
R – Temos duas estratégias para este biénio. A primeira é apostar na formação, dando continuidade ao projecto, iniciado em Setembro, "Escola de Música – Escola de Valores", por se tratar do baluarte e da sustentação da Banda Filarmónica, que é a principal actividade da associação. Temos outros projectos muito abrangentes, caso do segundo estágio da "Banda Sinfónica da Beira Interior", entre 30 de Julho a 3 de Agosto, que se destina a formar e qualificar os músicos filarmónicos a nível regional, contando com cerca de 90 participantes. Na Primavera de 2008 queremos organizar o primeiro Festival "Música em Festa", que consiste no aproveitamento de cinco igrejas e oito salas, no centro da cidade, para espectáculos em que queremos juntar cerca de mil participantes de todas as associações dos distritos de Castelo Branco e da Guarda e mais duas ou três de renome nacional.

P – A animação do centro histórico é um objectivo?
R – Exactamente. Uma vez que a nossa sede se situa no centro histórico da Covilhã, que está a ficar mais despovoado devido ao crescimento da cidade na sua zona baixa, temos vários projectos para a sua dinamização. O primeiro acontece já em Março e é o Concerto da Primavera, em que queremos convidar um coro e e a poetisa Maria Alice Peixeiro. Para o dia 9 desse mês está agendada a projecção do filme "Ainda há pastores", às 21h30, no Teatro-Cine. Para dia 21 de Abril estamos a organizar um Concerto Moda e Música, em que a Banda da Covilhã vai musicar uma passagem de modelos das colecções Primavera-Verão das lojas de pronto a vestir do centro da Covilhã. Depois há o projecto "Os jovens ao encontro do Centro Histórico", para dinamizar a nossa sede. Para tal, estamos a estabelecer protocolos com a universidade e as escolas para aproximar os jovens da colectividade. Em Assembleia-Geral foi aprovado que os sócios até aos 18 anos ficam isentos de pagar quota.

P – Quantos músicos tem a Banda actualmente?
R- O número é variável, isto porque estamos a começar um projecto do zero. Poderemos dizer que a banda terá 25 músicos, mas uma percentagem deles são alunos da Escola Profissional e outros da UBI. Daí a importância de criarmos a nossa própria escola para termos os nossos músicos. A banda atravessou um processo difícil, com a reforma das pessoas com mais idade e dos mais novos terem ido estudar para fora. Por isso tem que haver uma escola dinâmica e activa. Antes de eu vir para cá, a escola esteve dois anos inactiva e isso reflecte-se agora na falta de músicos. Já temos uma escola com 10 músicos e o objectivo é que esse número continue a crescer no futuro.

P – A falta de instrumentos é um problema da associação?
R – É um problema muito grave, porque em 1992 ardeu tudo. Em cinco meses, a associação teve que comprar o instrumental todo e os donativos não eram muitos. Então adquiriu-se o mais barato e, como diz o ditado, "o barato sai caro". Passados estes anos, precisamos de renovar o instrumental e no ano passado conseguimos comprar dois saxofones e alguns instrumentos de percussão. Este ano tivemos um donativo que nos vai permitir comprar dois clarinetes e, pouco a pouco, queremos fazer actividades para juntarmos dinheiro e comprar mais. Temos 40 instrumentos e desses posso dizer que oito estão bons.

P – O Museu dos Sons é uma ambição para concretizar quando?
R – É um projecto a longo prazo. Podem pensar que somos megalómanos, mas a nossa ideia é criar um museu que tenha divulgação e impacto a nível mundial e isso é possível. Abrangeria várias vertentes, uma seria a física dos sons, com várias salas onde os visitantes poderiam perceber o que se passa desde a parte fisiológica à parte física da análise dos sons. Outra área estaria mais ligada às neuro-ciências, onde seriam evidenciadas as diferentes partes do nosso cérebro associadas à música. Queremos também que a escola de música possa funcionar no edifício, para que os visitantes sejam surpreendidos com os ensaios, para além de pretendermos recuperar o espólio, em colaboração com outras associações. Queremos juntar esses instrumentos no Museu dos Sons para promover também essas colectividades.

P – Onde é que poderá surgir?
R- É um projecto ainda em fase de elaboração, estamos a estabelecer contactos para podermos ter uma parceria com a UBI. Também apresentámos o projecto à Câmara e vamos tentar encontrar um espaço onde possa ser implementado. É uma iniciativa que envolverá muitos milhares de euros.

P – O que é o Concelho Filarmónico?
R – É outra actividade para dinamizar o centro histórico que foi muito bem recebida. Agendado para 9 de Junho, o "Covilhã Concelho Filarmónico 2007" pretende juntar as nove bandas do município em actividade, seis já aderiram ao projecto. A ideia é dinamizar as filarmónicas, estabelecer protocolos, trabalhos de equipa e, acima de tudo, homenagear o seu trabalho em prol da formação cultural, bem como divulgar e recuperar o trabalho de compositores locais. Em termos práticos, vamos formar uma mega-banda com mais de 200 músicos, que vai ensaiar durante todo o dia.

Sem comentários: